Peças Teatral Evangelicas


Não Toque

Uma cadeira está no meio da praça com um cartaz pendurado nela dizendo: "NÃO TOQUE".

O Mímico curioso que por acaso passava pelo local percebe a cadeira e se aproxima. Rodando em torno da cadeira ele tenta entender o que há de errado com ela. Sem chegar a conclusão alguma, o curioso passa a frente da cadeira e olha para a esquerda e para a direita, observando se ninguém aparece.

Vendo que "a barra estava limpa", o curioso pega o cartaz (disfarçando e cheio de confiança) e o joga no chão, desprezando-o. Enquanto olhava para o cartaz no chão, o curioso sem perceber apoia-se na cadeira.

Após achar graça do cartaz caído no chão, o mímico percebe ao tentar ir embora, que sua mão ficou colada na cadeira (a mão e a cadeira permanecem imóveis embora o curioso esforce-se em descola-la). Neste instante, outro mímico, o amigo, passa pela frente da cadeira com o curioso colado. Imediatamente o curioso disfarça, acenando para o amigo que então continua seu passeio. Após o amigo se afastar o curioso começa a ficar impaciente. Ele coloca a outra mão no acento da cadeira para tentar descolar a primeira. Então percebe que sua segunda mão fica colada também. Faz força, levanta a cadeira, sacode, e imediatamente disfarça quando percebe que o amigo se aproxima novamente. O curioso sorri sem graça e finge estar fazendo exercícios.

O amigo acha estranho, mas depois olha para a platéia e elogia o curioso. Faz sinal de aprovação e continua seu passeio. Tão logo o amigo se distancia, o curioso recomeça a tentar se descolar. Ele está realmente nervoso agora. Joga a cadeira para um lado, joga para o outro, coloca o pé no acento para se apoiar mas o pé escorrega e ele acaba sentando na cadeira, totalmente colado agora.

Enquanto o curioso se sacode, o amigo se aproxima, estranhando a situação. Desta vez o curioso não perceba a aproximação do amigo, e não disfarça. O amigo começa a perceber o que está acontecendo. Encontra o cartaz caído no chão e entende a situação.

Mostra o cartaz "NÃO TOQUE" para a platéia fazendo cara de quem diz: "agora estou entendendo...".

O amigo então se propõe a ajudar o curioso. Ele explica que vai orar a Deus para que Ele o descole da cadeira. O curioso que continua com uma cara de revoltado com a situação, não faz muita fé na eficiência da oração do amigo que mesmo assim não desiste. Dobra os joelhos e ora com um rosto que demonstra sinceridade, simplicidade e fé.

Enquanto isso o curioso que estava olhando a oração com cara de revoltado, descola-se completamente.

Surpreso, o curioso se levanta com o rosto alegre e festeja com seu amigo. O amigo então pega o cartaz e entrega para o curioso que aceita de boa vontade o mesmo. O curioso coloca então o cartaz de volta na cadeira.

O amigo concorda com o curioso, o amigo pega o cartaz "NÃO TOQUE" que esta colocado na cadeira, e vira o cartaz que agora diz: "PECADO". 
O Palhaço

Curioso, Bebida, Cigana, Baseado, Rico Meninas (2 ou 1), Anjo, Espelho 

Entra CURIOSO olhando tudo 

entra BEBIDA alegre feliz com uma garrafa. Mostra que está muito feliz. 

CURIOSO, olha curioso, e procura saber o que tem ali. BEBIDA mostra que é muito bom, e as sensações são ótimas. 

CURIOSO, fica empolgado, BEBIDA desfila com a garrafa perto dele deixando ele mais curioso ainda. E oferece. CURIOSO diz que é só um pouquinho que ele quer e que isto não fará mal pra ele. 

Mas antes BEBIDA aponta que ele terá que dar o seu coração, ele fica meio na dúvida, mas aceita. 

BEBIDA tira a máscara. 

BEBIDA faz sinal de ‘espera pega o pó branco, deixa CURIOSO de costas para a platéia e com ar de quem está se divertindo ele passa esse pó branco por todo o seu rosto e passa por todo o rosto. 

CURIOSO não se importa, fica com cara de alegre. BEBIDA depois que termina dá a garrafa para ele. 

CURIOSO fica meio tonto, mas com cara de alegre. 

BEBIDA sai de cena 

Entra CIGANA entra com cartas. E mostra a ele que ele pode saber o futuro dele, e ser muito feliz. 

CURIOSO aceita. CIGANA pede seu coração. CURIOSO não pensa duas vezes e diz que sim, e dá à ela. CIGANA tira a máscara. Coloca CURIOSO de costas para a platéia, faz arcos em cima dos olhos e em volta da boca. E então, ela pega a mão dele e começa a lê (é encenado a alegria de CURIOSO com as revelações que a CIGANA faz à ele). 

CIGANA sai . CURIOSO demonstra empolgação pelo que a CIGANA falou. 

BASEADO entra com ‘cigarrinho demonstrando uma ‘leveza, alegria, e oferece a ele. 

CURIOSO diz a ele que precisa disso, pq não está feliz. BASEADO diz que o cigarrinho deixará ele feliz, BASEADO oferece à ele. 

CURIOSO aceita. BASEADO aponta que pegará seu coração. CURIOSO nem se importa. BASEADO tira a máscara . Coloca CURIOSO de costas para a platéia e pinta a sua boca de vermelho. CURIOSO, pega o cigarrinho dá umas tragadas, e fica tonto. Começa a sentir muito confuso. 

BASEADO sai de cena 

RICO entra com 2 meninas, ele é rico, demonstra superioridade. CURIOSO olha admirando a posição dele, tenta imitá-lo. 

RICO de aproxima e diz que ele também pode ter riquezas, mulheres. CURIOSO se empolga. As meninas mexem com ele. Ele fica com cara de bobo. CURIOSO diz que faz qualquer coisa e entrega seu coração, antes mesmo que RICO tenha pedido. 

RICO tira o capuz da cabeça, e dá sinal para as meninas para que elas terminem o serviço. As meninas demonstrando muita alegria colocam ele de costas para a platéia, e colocam a peruca e o nariz de palhaço nele. 

Enquanto elas fazem isto, RICO demonstra para a platéia que mais um é dele, que CURIOSO agora é dele. 

CURIOSO então pergunta onde está minha riqueza,minhas mulheres, cadê, RICO e as meninas tiram sarro da cara dele, e humilham ele, mostrando o quanto ele é tolo em acreditar. 

Sai de cena RICO e as meninas. 

CURIOSO fica sozinho, demonstrando tristeza, olha, para a garrafa, para a sua mão, para o cigarrinho, e vê que tudo isso não valeu a pena. 

Entra ESPELHO e um ANJO. 

ESPELHO começa a andar vagarosamente em sua volta, CURIOSO, olha assustado, e com vergonha da sua imagem, começa a chorar e mostra um certo desespero. 

ESPELHO para na boca da cena, CURIOSO está no chão em frente ao ESPELHO, olha para o céu e pede ajuda, então ANJO se aproxima, dá a sua mão e o levantando ANJO começa a limpá-lo, coloca um nova veste nele, e após o término da limpeza, ANJO mostra a sua imagem no ESPELHO, CURIOSO olha feliz e não acredita no que vê, mostra que a gora ele é feliz, que está leve e sai de cena feliz. 

ESPELHO se aproxima da platéia. 

ANJO fala para a platéia: 

- ual seria a sua imagem neste Espelho ?? 

Observações: 

Os personagens devem estar trajados, e quando necessários, maquiados conforme seu personagem representado. 

O Espelho é uma pessoa com roupa branca, segurando um espelho grande, se for daqueles que são na vertical que cobre quase todo o corpo, é melhor para a apresentação. 

O lenço a ser usado para retirar a maquiagem do Curioso, deve ser lenço-umedecido, é necessário ensaiar a peça com a maquiagem no Curioso, para que no dia da apresentação, a maquiagem não venha ficar borrada quando o Anjo tirar. 

Música é importante para dar clima nas situações em que Curioso se olha pela primeira vez no Espelho, e também quando ele está sendo transformado. 
O CARRO
por Teatro Cristão
Personagens: Narrador – Pai – Filho - Mãe

Narrador: Era uma vez um rapaz que ia muito mal na escola. Sua notas e comportamento eram uma decepção para seus pais que, como bons cristãos, sonhavam em vê-lo formado e bem sucedido. Um belo dia, o bom pai lhe propôs um acordo:

Pai – Sabe meu filho tem uma proposta para você.

Filho – Qual pai!

Pai – Bom como você esta mal nos estudos eu vou fazer o seguinte: Se você, meu filho, mudar o comportamento, se dedicar aos estudos e conseguir ser aprovado no vestibular para a Faculdade de Medicina, lhe darei então um carro de presente.

Filho – Esta feito o trato, vou mostrá-lo do que sou capaz.

Narrador: Por causa do carro, o rapaz mudou da água para o vinho. Passou a estudar como nunca e a ter um comportamento exemplar. O pai estava feliz, mas tinha uma preocupação.

Pai – è meu filho mudou completamente, é uma pena que essa mudança não é fruto de uma conversão sincera, mas apenas do interesse em obter o automóvel. Isso era mau!

Narrador: O rapaz seguia os estudos e aguardava o resultado de seus esforços. Assim, o grande dia chegou!

Filho: Pai, veja aqui esta o resultado do meu exame para o curso de Medicina e veja o senhor mesmo com os seus próprios olhos, eu fui aprovado...

Pai: Meus parabéns meu filho, você mostrou que é um jovem que consegue aquilo que quer, parabéns mesmo, vou reunir nossos familiares e amigos para lhe entregar o seu presente e dar as boas novas.

Narrador: Como havia prometido, o pai convidou a família e os amigos para uma festa de comemoração. O rapaz tinha por certo que na festa o pai lhe daria o automóvel. Quando seu pai pediu a palavra:

Pai – Amigos e familiares, meu filho esta super feliz, pela aprovação no curso de Medicina, ele que se esforçou tanto para conseguir tal ato, e como prova disso eu lhe entrego esse super presente.

Narrador: O pai então lhe entregou uma caixa de presente. Crendo que ali estavam as chaves do carro, o rapaz abriu emocionado o pacote. Para sua surpresa era uma Bíblia.

Filho: (fala como se estivesse super decepcionado.) Uma Biblia, adorei o presente papai, vou lê-lo todas as noites.

Narrador: A partir daquele dia, o silêncio e distância separavam pai e filho. O jovem se sentia traído e, agora, lutava para ser independente. Deixou a casa dos pais e foi morar no Campus da Universidade. Raramente mandava notícias à família.

O tempo passou, ele se formou, conseguiu um emprego em um bom hospital e se esqueceu completamente do pai. Todas as tentativas do pai para reatar os laços foram em vão. Até que um dia o velho, muito triste com a situação, adoeceu e não resistiu. Faleceu.

No enterro, a mãe procurou o filho:

Mãe – Meu filho aqui esta o ultimo presente que seu pai lhe deu e você o deixou em cima de sua cama, local que se encontrava até o dia da morte de seu pai.

Filho – Obrigado mãe...

Narrador: De volta à sua casa, o rapaz, que nunca perdoara o pai, quando colocou o livro numa estante, notou que havia um envelope dentro dele. Ao abri-lo, encontrou uma carta e um cheque. A carta dizia:

(Voz do Pai)- Meu querido filho, sei o quanto você deseja ter um carro. Eu prometi e aqui está o cheque para que você escolha aquele que mais lhe agradar. No entanto, fiz questão de lhe dar um presente ainda melhor: a Bíblia Sagrada. Nela aprenderás o Amor a Deus e a fazer o bem, não pelo prazer da recompensa, mas pela gratidão e pelo dever de consciência.

Narrador: Corroído de remorso, o filho caiu em profundo pranto. Como é triste a vida dos que não sabem perdoar. Isso leva a erros terríveis e a um fim ainda pior. Antes que seja tarde, perdoe aquele a quem você pensa ter lhe feito mal. Talvez se olhar com cuidado, verá que há também um "cheque escondido" em todas as adversidades da vida. 

O Morto vivo
por www.evol.com.br
Cenário: Consultório médico

Cena: O médico acaba de consultar o paciente e vai passar-lhe a "receita".

Médico: É meu velho, eu não tenho boas notícias para você não.

Amadeu: (se arrumando, colocando a camisa, se abotoando, etc) - Fale logo doutor. Não precisa esconder nada de mim. Eu já estou preparado para o pior. Para ser franco, eu até já escolhi a cor do meu caixão.

Médico: E para ser franco. A coisa para o seu lado está esquisita. Note bem, o teu coração já não bate mais (só apanha) a sua pulsação cessou por completo. Cientificamente você está morto. Entendeu? Mortinho da Silva. Aliás, eu nem sei o que você está fazendo em pé. Lugar de gente morta é no cemitério e deitada.

Amadeu: É que eu sou teimoso... Mas doutor, vamos deixar de piadas. Vamos falar sério. Afinal o que é que eu tenho?

Médico: Ora Amadeu, então você acha que um médico de minha categoria, que já participou de congressos na Holanda tem tempo de ficar brincando. Se eu disse que você está morto, eu estou falando sério.

Amadeu: Mas como? Que conversa mais besta doutor!!!

Médico: Está bem. Você quer provas não é mesmo? Prá você não dizer que eu estou mentindo, coloque a mão no coração.

Amadeu: (coloca a mão, para sentir as batidas).

Médico: Sente alguma coisa? Alguma possível batida?

Amadeu: Sinto não, doutor. Meu Deus, o que será isso?

Médico: Agora tente sentir o pulso.

Amadeu: (tentando sentir a sua pulsação).

Médico: Sente alguma coisa?

Amadeu: Nadinha... (faz cara de assustado).

Médico: É como eu disse meu caro. O senhor está morto e eu estou lhe informando. Apenas isto. O senhor está morto e não sabia. Cabe a mim como médico, dar-lhe a notícia.

Amadeu: Mas como assim doutor?

Médico: Lembra daquele remédio que eu venho te receitando há tempos? Ele é a única solução.

Amadeu: Não doutor. Aquele remédio eu não quero.

Médico: Então não posso fazer mais nada por você. Você está morto.

Amadeu: Mas doutor, pensa bem... O que é que eu digo lá em casa? Ninguém vai acreditar em mim. Imagina só. Eu chego em casa, reuno a família e digo: Pessoal, eu estou morto. Ora doutor...

Médico: Fique calmo Amadeu. Eu já pensei nisso também. E é por causa disso que eu estou assinando o seu atestado de óbito. (Assina o atestado e entrega para o paciente). Aqui está. Agora vá para casa e comunique à sua família. E não se esqueça de convidar os amigos para o enterro. Tá?

Amadeu: (desolado) Tá bom... Mas doutor, o senhor tem certeza de tudo o que está me dizendo? Eu tô morto mesmo???

Médico: ...da Silva, meu amigo. Mortinho da Silva. Deve ser teimosia. Você logo se acostuma, aí será mais fácil. À propósito, deixe-me fazer-lhe uma pergunta: O senhor pretende ser enterrado amanhã ou depois?

Amadeu: Não sei. Mas eu não vou me esquecer de avisar o senhor. Pode ficar sossegado. (Sai triste, demorando para chegar na porta).

Cenário: Apaga-se a luz do consultório. Apenas um foco de luz acompanha Amadeu caminhando cabisbaixo enquanto ouve-se a Marcha Fúnebre. Amadeu para junto com a música (1a parada).

Amadeu: (falando sozinho). Mas não é possível. Eu não posso estar morto. Estou em pé. Estou falando. O que aconteceu comigo?

Cenário: Recomeça a Marcha Fúnebre. Amadeu caminha cabisbaixo até a 2a parada. A música para de novo.

Amadeu: (falando sozinho). Mas eu estou aqui com o atestado de óbito! E não ouvi meu coração! O que vou dizer em casa? Tenho que contar a eles...

Cenário: Recomeça a Marcha Fúnebre. Amadeu caminha para o segundo cenário, a sala de sua casa, onde encontra sua mulher. A música pára. As luzes acendem.

Amadeu: Oi ...

Mulher: Cruz credo Amadeu, mas que cara de defunto é essa?

Amadeu: Ué! Você já sabe? Quem te contou? Aposto que foi a Dona Maria Gorda, nossa vizinha.

Mulher: Ninguém me contou nada! Mas vamos lá meu velho, conte o que aconteceu. Por que é que você está com essa cara?

Amadeu: Eu falo. Mas quero todos reunidos aqui na sala. Agora eu quero uma reunião familiar para dar a notícia de uma vez só, sem ficar repetindo à toda hora.

Mulher: Ora, Amadeu. Deixe de fazer velório e conte logo. Você nunca foi de reunir a família.

Amadeu: Zenaide... chama logo os nossos filhos. Por favor respeite os mortos.

Mulher: Mortos? Tá bom. (chamando os filhos) - Lucinháááá... Carlinhos. Venham aqui que o papai quer falar com vocês...

Lúcia: (gritando de fora do palco) Agora não! Tenho que estudar!

Carlos: (gritando de fora do palco) Mais tarde! Estou vendo MTV!

Mulher: É. Vou Ter que mudar de tática. (grita:) O almoço está na mesa !!

Lúcia: (entrando correndo junto com Carlos) Ai que fome! Onde está? Cadê a comida?

Carlos: Até que enfim o almoço! Meu prato ...?

Mulher: Seu pai quer falar com vocês.

Lúcia: Oi, pai. O que você tiver que me contar, conta logo porque eu preciso estudar. Preciso aproveitar para estudar enquanto estou viva.

Carlos: Fala aí, meu coroa. Qualé o lance?

Mulher: Muito bem, Amadeu. Já estamos todos aqui. Qual é a notícia?

Amadeu: Bem, o negócio é o seguinte: (pausa) - Bem, o negócio é o seguinte... (sem saber como entrar no assunto) - Bem, acho que vocês não vão acreditar, mas eu... mas eu...

Carlos, Lúcia e a mulher em coro: FALA LOGO!

Amadeu: Calma eu vou falar! É que eu estou morto! Isto mesmo! Eu morri.

Carlos, Lúcia e a mulher juntos dão uma boa gargalhada.

Amadeu: Escutem aqui, seus vampiros, suas hienas que comem carniça e dão risada. Eu não disse nenhuma piada. Eu estou falando sério. (eu sabia que ninguém iria me acreditar).

Carlos: Essa foi boa pai. Conta outra. Depois eu quero contar a última que eu ouvi lá na escola.

Lúcia: Acho que vou voltar para os meus cadernos. Posso ir?

Amadeu: Está bem, seus patetas. Vocês pensam que eu estou brincando, não é mesmo? Então leiam isto. (Entrega o atestado de óbito para a mulher).

Mulher: (lendo o atestado). Sr. Amadeu Pereira, casado, brasileiro... casa mortis... parada cardíaca... Meu Deus, então é verdade! (exclama caindo sentada na poltrona).

Amadeu: Viram só como eu não estava brincando? O papai aqui está mais morto que a múmia do Egito. Venha cá minha filha... sinta as batidas do meu coração.

Lúcia: (colocando o ouvido no peito do pai) Meu Deus! Não está batendo. (assusta-se). Mãe, o pai está morto mesmo!

Amadeu: Agora você, Carlinhos esperteza. Sente o meu pulso. Afinal você está fazendo cursinho de medicina.

Carlos: (com dificuldade em achar o pulso) É mesmo incrível. Está mais parado que o ataque do fluminense lá do Rio de Janeiro!

Amadeu: (triunfante). Então seus Tomés... Acreditam agora? Vocês não vão chorar? Se vocês gostam de mim, tem que chorar. Chorem! Vamos...

Lúcia e Carlos se abraçam e choram artificialmente só para agradar o pai. Amadeu percebe e desaprova.

Mulher: Mas como é isso Amadeu? Como é que você está morto, se você está vivo? Quer dizer... Ah! Eu não quero dizer mais nada! Que confusão!

Amadeu: O médico falou que é de teimosia, mas que depois que eu me acostumar, a coisa fica bem mais fácil.

Lúcia: Médico? Quer dizer que o senhor foi ao médico e não nos contou nada?

Amadeu: Claro! E quem você acha que assinou o atestado de óbito? O Orlando açougueiro? E como é que eu iria ficar sabendo que estou morto?

Carlos: O senhor por acaso pagou a consulta, pai?

Amadeu: Claro que paguei. Acha que eu sou algum caloteiro?

Carlos: Então me desculpe, mas o senhor é muito burro. Onde já se viu um morto pagar a consulta?

Amadeu: (caindo em si). Sabe que você tem razão? Além de defunto-vivo eu sou um morto-burro.

Mulher: Mas como é que você fica discutindo com seu pai numa hora dessas. Respeite o seu pai, afinal ele é um defunto. Respeite a memória dele... quer dizer... eu não quero dizer nada porque minha mente está toda embaralhada.

Lúcia: Mãe, eu acho melhor a gente telefonar para o médico prá confirmar e também prá perguntar se é para fazer o enterro ou não.

Mulher: É mesmo. Eu vou ligar.

Amadeu: Isso mesmo. E depois já pode ligar para a funerária e encomendar o meu caixão. (cantarolando)..."quando eu morrer, me enterre na Lapinha".

Mulher: (com o telefone na mão). Pare com isso Amadeu. Pare de cantar essa música. Você quer deixar a gente mais nervosa ainda? (disca um número)

Voz do médico: (Atendendo o telefone). Clínica do doutor Ado Steinburg Hesendorg de Nictolis bom dia!

Mulher: - Alô... doutor Ado? Tudo bem? Aqui é dona Zenaide, mulher do Amadeu, que morreu mas não morreu. Quer dizer, aquele que o senhor diz que morreu mas está vivo. O senhor entende né?

Voz do médico: Perfeitamente dona Zenaide. Olha a senhora pode ficar sossegada. Seu marido já era! Pode encomendar o seu vestido de luto e mande-o deitar já. Ah... e não se esqueça de me convidar para o enterro.

Mulher: Mas doutor como é que pode? Ele está morto mas continua vivo...

Voz do médico: Eu não posso fazer nada, dona Zenaide. O coração dele não está batendo, a pulsação parou entende? Ele está clinicamente morto. E lugar de morto a senhora sabe onde é não é mesmo? Este mundo é dos vivos.

Mulher: (desolada). Está bem doutor... Obrigada... Olha, o enterro será amanhã. (desliga o telefone).

Carlos: Então mãe, o que o médico falou?

Mulher: É verdade (chorando) seu pai está morto.

Amadeu: (triunfante outra vez). Não falei? Eu não sou "cara" de mentir não. Quando eu falo que tô morto é porque tô morto mesmo. E tem outra, eu sou o único defunto que vai assistir ao próprio velório. Carlinhos, vai buscar o meu terno no alfaiate, aquele que eu mandei cerzir. Eu quero ser enterrado com ele.

Cenário: Apagam-se as luzes. Enquanto a sala é preparada para o Velório (caixão, flores, troca de roupa) uma pessoa levanta-se na platéia com foco iluminando-a e começa a ler um jornal.

Pessoa da platéia: Vejam só isso! Amadeu morreu. (lendo:) Convidamos os amigos e familiares ao enterro de Amadeu Pereira, a se realizar na rua Cova Rasa, sem número, Cemitério do Adeus. Bairro dos que não voltam. Incrível! Eu falei com ele ontem. Justo agora que ele me devia uma grana! É nessa eu acho que dancei... A morte não espera por ninguém mesmo... Vou dar uma passadinha lá mais tarde. Pobre Amadeu! (senta-se novamente após o foco nela se apagar).

Cenário: As luzes se acendem.

Amadeu: Então, como estou?

Mulher: Digno de um defunto !

Os convidados começam a chegar. Dão o tradicional "pêsames" à mulher, e se dirigem ao caixão.

Maria Gorda: (olhando para o defunto). Coitado! Este sim era um homem bom.

Amadeu: Apoiado! Além de ser homem, eu era bom. Não sei o que era melhor. Ser mais bom, ou mais homem.

Sr. Anselmo: É, mas os bons sempre se vão mesmo... Pobre Amadeu!

Amadeu: Não é o seu caso, "velho unha de fome". Vai ficar mofando a vida toda aqui na terra.

Sílvia: Pobrezinho. Quisera fosse eu.

Oswaldo: E aí cara? Que furada hein? Já que você bateu as botas, dá pra me emprestar o carro prá sair com umas gatas?

Amadeu: Nem morto!

Oswaldo: Iii o cara, aí ! Tá legal. Tá legal.

Sr. Clemente: Amadeu, amigo velho,. Lembra-se de nossas farras? E agora? Quem vai farrear comigo?

Amadeu: Calma, Clemente. Assim você me mata de tristeza.

Clemente: Mas você já está morto, Amadeu!!!

Amadeu: Eu sei, imbecil. É força de expressão.

Médico: (chega ao enterro). Como está Amadeu ? Está melhor ?

Amadeu: Mais ou menos ! Doutor, eu estive pensando: Estou morto não estou? Depois do meu velório, eu vou ter que entrar aqui neste caixão para ser enterrado, não é? E quando a tampa deste caixão se fechar, o que vai acontecer comigo?

Médico: Bem Amadeu? Teu futuro não vai ser muito bom não!

Amadeu: Como assim doutor?

Médico: Amadeu, eu já lhe falei do único remédio que pode reverter esta situação, mas você não quer me ouvir.

Amadeu: Doutor, eu já estou cansado de experimentar isso, experimentar aquilo. Prá mim isto não funciona. Estes remédios nunca me ajudaram em nada. Eu estou cansado dessa situação. Eu preciso de uma resolução.

Médico: Eu entendo Amadeu! O problema é que você está desiludido por ter passado sua vida inteira tomando os remédios errados. Este é diferente, este pode te ajudar.

Amadeu: Como o Senhor me garante que esse remédio vai resolver o meu problema ?

Médico: Amadeu, sinta o meu coração. Hoje ele bate, mas um dia já esteve tão morto quanto o seu. Foi quando tive a oportunidade de conhecer este remédio e decidi tomá-lo. E é por isso que hoje eu estou aqui falando prá você. Quer mais provas do que isto?

Amadeu: Não ! O senhor me convenceu, afinal onde está o remédio? Aquele tal de Complexo J, não é?

Médico: É, o Complexo J, peraí que eu vou pegar no carro.

(Médico sai).

Sr.Anselmo: (enquanto cheirava as flores do caixão). Atchim!! Atchim!!!!

Mulher: Rápido. Acudam! O velho está tendo uma crise!

Sr.Anselmo: Atchim!! Atchim!!!!

Oswaldo e Carlos seguram o Sr. Anselmo.

Silvia: O médico. Cadê o médico?

Maria Gorda: Eu o vi saindo!

Lúcia: Vamos lá levar o homem. Se não ele morre também!

Todos saem ficando apenas o Amadeu.

(Médico retorna com uma caixa de remédio enorme).

Amadeu: (assustado) Que remédio enorme!

Médico: Mas este é o único que vai resolver o seu problema. Calma, vamos ler a bula.

COMPLEXO - J

Indicação: Contra todos os males do corpo, alma e espírito.

Contra-indicações: Nenhuma.

Posologia: Dose única, seguida de confissão de Jesus Cristo como único Senhor de sua vida.

Efeitos: Alegria, paz, mansidão, domínio próprio...

Amadeu: Puxa Doutor! É isso mesmo que eu preciso.

(Amadeu toma o remédio)

Médico: Agora repita comigo: EU, AMADEU,

Amadeu: Eu, Amadeu,

Médico: CONFESSO QUE SOU PECADOR...

Amadeu: Confesso que sou pecador

Médico: PEÇO PERDÃO E ENTREGO TODA A MINHA VIDA ...

Amadeu: Peço perdão e entrego toda a minha vida...

Médico: EM TUAS MÃOS, JESUS CRISTO.

Amadeu: Em tuas mãos Jesus Cristo.

Médico: TU ÉS O ÚNICO SENHOR E SALVADOR DE MINHA VIDA.

Amadeu: Tu és o único Senhor e salvador de minha vida.

( Começa-se a escutar o coração batendo).

Médico: O que você está sentindo?

Amadeu: Não sei explicar, mas é alguma coisa diferente que eu nunca havia sentido.

Médico : É, eu também não soube descrever quando isto ocorreu comigo. Eu me senti seguro.

Amadeu: É isso! Eu me sinto seguro. É como se eu tivesse feito algo certo.

Médico: Você fez a coisa certa. Lembra dos outros remédios que você tomou?

Amadeu: Ah, não quero nem me lembrar.

Médico: Pois é, este é um remédio muito especial. Curou seu espírito, salvou sua alma.

Amadeu: Curou meu espírito ?

Médico: Isto mesmo. Outros remédios ajudaram o seu corpo, mas nunca curaram seu espírito.

Amadeu: Entendo. (pausa). E a minha família?

Médico: Eles nunca foram ao meu consultório. Nunca tive oportunidade de receitar o Complexo J para eles.

Amadeu: Então eles também estão mortos ?

Médico: Sim. E não sabem disso!

Amadeu: Tem remédio ainda na caixa?

Médico: Tem sim Amadeu. Tem remédio prá todo mundo. Prá todo O mundo mesmo! Leva também prá sua família.

Amadeu: Certo doutor. Muito obrigado!

Médico: Nos veremos em breve!

(a música e o coração diminui)

(Médico sai por um lado. Mulher do obituário entra pelo outro lado).

Mulher: Amadeu! Soube que você está vivinho da Silva. Fiquei tão feliz. Mas sabe daquele pequeno empréstimo do mês passado. Você já tem o dinheiro?

Amadeu: Nem morto! Brincadeirinha ... Você já ouviu falar deste remédio ?

(ambos caminham para a saída ainda conversando)

Mulher: Que remédio enorme...

Amadeu: Mas é o único que realmente funciona ...

FIM 

Máscaras

ATORES
Narrador :
Denise:
Lucas:
Claudia:
Sérgio:
Adriana:
Andréa:
César:
Janaína:

Ouve-se a voz do narrador que apresenta os nove jovens. Cada um entra usando uma máscara (apenas em torno dos olhos).

LUCAS: O presidente dos adolescentes. Respeitado e admirado por toda igreja pela sua vida consagrada e santificada a Deus. Mas se esconde dentro dele um homem preconceituoso, crítico e extremista. E os seus defeitos serão revelados...

(Lucas vai recebendo os irmãos com alegria)

DENISE E CLÁUDIA: (entram de mãos, se separam no meio da narração) Filhas de diácono da igreja. Denise, a mais velha é conhecida pelo seu carisma e educação. Mas atrás de sua doce personalidade se esconde uma moça agressiva, que só está na igreja porque os pais ordenam. Ela não tem uma experiência com Cristo, mas finge ter. Cláudia vive a sombra de Denise, dominada e comandada pela inveja. As duas não combinam e seus sentimentos serão descobertos.

CÉSAR: Teve um encontro com Cristo e se tornou um ex-marginal, deixando a vida de vício e roubos. César é o orgulho da igreja e serve como exemplo para todos, de uma bela transformação de vida. Mas ele vai se entregar, mostrando suas fraquezas e principalmente que sua natureza pecaminosa ainda o persegue.

JANAÍNA: Responsável pelo grupo de oração dos jovens. Conhecida e respeitada na igreja como uma moça de oração. Mas ela tem um defeito e vai ser descoberto: Janaína é carente e entre os rapazes mundanos é conhecida como uma menina fácil, que namora qualquer um

ANDERSON: Foi curado de uma doença terminal. É querido por todos. Todos gostam de seu jeito amigo e amável de ser. Mas Anderson tem uma vida espiritual vazia e sem ação - não ora, não lê a Bíblia, não se santifica e isso vai ser notado.

ADRIANA: Estudada, inteligente e bonita. Apenas isso, bonita. Adriana é fútil, só pensa em coisas materiais e se acha superior a todos, desprezando os humildes e carentes.


A reunião tem inicio na casa de Lucas, antes piadinhas de que Lucas não mora, esconde... Oram e Lucas inicia que precisam criar um jornal para a mocidade. Animadamente, cada um dá o seu palpite sobre o que deveria conter no jornal. Súbito, ouvem trovões e resolvem acelerar a reunião. Muita brincadeira e risos entre eles. Lucas encerra a reunião com uma linda oração, em seguida todos se abraçam confraternizando.

Mas todos ouvem o barulho da chuva caindo. Janaína estava sendo levada à porta por Lucas.


JANAÍNA: Oh não, Lucas! A chuva começou, e eu não poderia ficar presa aqui!

LUCAS: O jeito é esperar a chuva passar gente!

Súbito entra SÉRGIO correndo, todo molhado. Todos as personagens ficam inertes e ouve-se a narração.

SERGIO: Não conhece Jesus. Ele conhece alguns dos nove jovens cristãos e pior, sabe dos erros de alguns. Ele não acredita em Jesus e tem como prova da inexistência de Cristo, a imunda vida dos jovens, que a chuva o obriga a conviver. Ele sabe dos erros, ele vai contá-los.

SÉRGIO: Oi Lucas, está chovendo à beça lá fora, se importa de eu ficar aqui até a chuva passar?

LUCAS: Sérgio, claro que não! Você está todo molhado! Espere aí que eu vou buscar uma toalha pra você se enxugar. Gente, esse é Sérgio, amigo de meu irmão... Sérgio, estes são todos meus irmãos em Cristo, vão se conhecendo aí.

Lucas sai pra buscar a toalha, enquanto os cristãos se apresentam, mas Sérgio não se mostra receptivo. Lucas lhe entrega a toalha e ele se senta afastado do grupo.

LUCAS: Podemos continuar a reunião, ainda falta muita coisa pra tratarmos.

CLAUDIA: Ah não, por favor, nós estamos presos aqui devido a chuva, vamos fazer uma coisa diferente.

JANAÍNA: Eu aconselho, que oremos.

ADRIANA: Eu acho que podíamos nos divertir um pouco.

LUCAS: Se você tem alguma idéia, fique a vontade, eu não vou falar mais nada.

ADRIANA: Enquanto a chuva não pára, podíamos brincar de jogo dos segredos.

CÈSAR: Como é isso?

ADRIANA: Simples, ficamos todos sentados, um com uma bola nas mãos, joga a bola pra outra pessoa e faz uma pergunta e o que recebeu a bola fica de pé e só pode responder a verdade. E assim, sucessivamente.

CLAUDIA: Hum, achei muito infantil. É melhor esperarmos a chuva passar!

DENISE: Achei legal, é bom que podemos perguntar sobre tudo. Vamos gente, isso vai nos deixar mais íntimos, é bom pra conhecermos uns aos outros melhor.

LUCAS: É, olhando por esse lado eu acho positivo. (Todos se animam) Eu vou buscar uma bola.

Lucas volta com uma bola colorida. Todos se sentam pra começar a brincadeira. Menos Sérgio que continua sentado distante numa cadeira.

LUCAS: Se aproxime, Sérgio, venha brincar conosco.

SÉRGIO: Estou muito bem aqui, não quero participar dessa palhaçada. Será que seu irmão vai demorar?

LUCAS: (sem graça) Não sei!

Os nove se sentam em círculo, comendo biscoitos e rindo. Uma bola nas mãos de Adriana que vai começar.

ADRIANA: Gente, então fica decidido que vale qualquer pergunta, sobre qualquer assunto e só a verdade pode ser respondida.


(Adriana joga a bola pra Lucas que se levanta)

ADRIANA: Todos sabemos que não é nada fácil ser líder, então, como você lida com isso?

LUCAS: Eu estou sempre consagrando minha vida. Acho importante fazer tudo com muita oração antes e é claro, não fico um dia sem jejuar. E muito menos deixo de ler vários capítulos da bíblia por dia. Tenho certeza que sou um líder perfeito.

Lucas joga a bola pra César e pergunta: César, antes você vivia num mundo sujo, envolvido com drogas e marginais, e agora você é uma benção na presença do Senhor. De toda a mudança em sua vida, o que você acha que mudou mais?

CÉSAR: Foi a minha perspectiva de futuro com Jesus. Acredito que o melhor está por vir em todos os aspectos de minha vida.

César joga a bola pra Denise: Denise, eu tenho uma admiração muito grande por você (os outros brincam) Não, é sério, gente! Eu queria saber como é a sua vida espiritual?

DENISE: Bem, eu leio a bíblia todo dia durante uma hora e oro na parte da manhã e da noite.

CLAUDIA: Engraçado, eu nunca vi isso!

DENISE: (sorri amarelo) É brincadeira dela, gente, e além do mais dormimos em quartos separados.

Denise joga a bola pra Anderson: Jesus te curou de câncer, como foi quando você soube disso?

ANDERSON: (contém as lágrimas) Desculpem, mas sempre me emociono quando lembro. Durante um culto de oração eu senti Jesus me tocar e sabia que estava sendo curado. É muito difícil expressar gente, é uma experiência fantástica e muito pessoal.

Anderson joga a bola pra Lucas: Você é todo misterioso, é verdade que você gosta da Carlinha?

(Risos e Lucas embaraçado, forçado a dizer a verdade confessa que sim)

(Lucas passa a bola pra Sérgio querendo que ele participe. Sérgio pega a bola no susto).

LUCAS: Sérgio, vem brincar com a gente. Você vai ver que é legal pra gente se conhecer melhor.

SÉRGIO: (se levanta, irritado joga a bola em Lucas, que rola pela sala. Adriana pega a bola e toda sem graça entrega a Lucas)

SERGIO: Deixa de palhaçada, Lucas. Não sou ridículo igual a vocês. Por isso, e por muito mais que não suporto crente.

LUCAS: Desculpa, Sérgio, só queria fazê-lo se enturmar. Achei que gostaria. É infantil a brincadeira, mas ajuda a nos conhecer. Cada um faz a pergunta que quer e só respondemos com a verdade.

SÉRGIO: Não, vocês não são verdadeiros. É claro que só falarão o que convém.

CLAUDIA: Somos cristãos, e fique sabendo que não mentimos. Sempre falamos a verdade!

SÉRGIO: (toma abruptamente a bola das mãos de Lucas e joga em Janaína que segura assustada) E aí, aquela nossa paquera não vai rolar mais não?


Janaína fica desconcertada e deixa a bolar rolar de suas mãos. O silêncio invade a sala. Todos se olham intrigados. Janaína levanta sua máscara deixando-a nos cabelos. (Obs: foi desmascarada, mas ainda deixou a máscara)


ADRIANA: Você está confundindo Janaína com alguém? ela é responsável pelo grupo de oração e jamais ficaria com alguém ou entraria num namoro de jugo desigual.


SÉRGIO: Jugo desigual? Sei lá o que é isso!

LUCAS: Que somos cristãos, e assim sendo, não ficamos com quem não professa a mesma fé em Cristo Jesus

SÉRGIO: (solta uma gargalhada) Eu já fiquei com Janaína e fico quantas vezes eu quiser.


(O clima torna-se desconfortante. Todos atônitos. Janaína pega sua bolsa pra sair, mas Adriana a cerca).


ADRIANA: Quem diria, hem, a moça de oração não pode ver um rapaz mundano!

JANAÍNA: Cale a boca. Ninguém não tem nada com a minha vida. E quem você pensa que é Adriana, não passa de uma soberba, acha que é melhor que todo mundo.

ADRIANA: (levanta sua máscara) Pelo menos, não sou fácil e vulgar como você.


(Janaína é impedida por Lucas de agredir Adriana).


LUCAS: Parem com isso, a comportamento de vocês duas é totalmente inaceitável. O que pensam que estão fazendo? Em nosso viver não pode existir lugar para situações assim.

JANAÍNA: Você se acha o senhor perfeição, não é Lucas?! Sempre sendo moralista, o santo! Na verdade está sempre criticando as pessoas, se achando superior a Deus!

LUCAS: (levanta sua máscara) Isso é um absurdo! Estou sempre procurando tratar todos bem!

CÉSAR: É, mas quando eu entrei na igreja, você me desprezou, Lucas. Tudo bem, eu estava drogado, mas só por isso me tratou igual cachorro. Eu me lembro, você falou assim: Já tenho luta demais, não sou obrigado a agüentar essa gente! Ainda bem que outros irmãos em Cristo me ajudaram, senão hoje eu estava no mundo. Eu estou falando isso, mas não tenho mágoa nenhuma Lucas, hoje eu te amo como meu irmão em Cristo e por isso estou aqui. (levanta sua máscara)

SÉRGIO: (ri debochadamente e diz) Está tentando enganar quem, cara. Eu não acredito que regenerou, conheço bem a sua fama, pra mim você está querendo enganar a polícia!

DENISE: Se tiver alguém enganado aqui, é você. Que não conhece o que Jesus pode fazer na vida de uma pessoa. Ele transformou a vida de César, a vida de todos nós e pode inclusive mudar a sua.


(Claudia pega a bola e joga em sua irmã Denise)


CLAUDIA: (levantas sua máscara) Transformou mesmo sua vida, minha irmãzinha, então me responda porque ainda fala palavrão e dança sensualmente as músicas de pagode?

DENISE: (levanta sua máscara) Isso é mentira. (Denise vai aos berros pra cima da irmã) Retire isso, negue isso tudo agora. Desfaça essa mentira.

CLAUDIA: Calma, maninha, está descontrolada.

DENISE: Todos têm suas fraquezas e eu tenho as minhas. Não me olhem como se eu fosse a pior das pecadoras. Eu estou lutando contra minhas fraquezas. Nunca me viram comportar-me mal dentro da igreja!

ANDERSON: Dentro da igreja é fácil ser cristão. Eu quero saber, se realmente nossas vidas dão bom testemunho do lado de fora. (levanta sua máscara)

LUCAS: Gente, é melhor nós nos acalmarmos, estamos todos nervosos. Vamos parar de discutir, estamos dando um mau testemunho para o Sérgio. O que ele vai pensar que somos?

SERGIO: Não se faz de santinho, não cara, eu e uns colegas bem vimos você agarradinho com uma mina e não era da igreja não.

LUCAS: Você não pode me acusar de nada.

DENISE: Chega disso tudo, eu vou embora daqui agora. (pega na mão de Claudia, puxando-a) Vamos embora, agora Claudia. (Cláudia não quer ir. As duas discutem ).


Lucas intervem e aos berros: Pelo amor de Deus, vamos ficar todos calmos. Estamos perdendo o controle das coisas


CÉSAR: Mande essa cara sair daqui, Lucas (aponta pra Sérgio) Ele é culpado disso tudo. Eu não gostei nem um pouco de você duvidar da minha conversão e saiba que se eu não fosse um homem convertido eu partia a sua cara.

ANDERSON: Gente, vamos parar. Será que estão vendo que Sérgio é um mentiroso que quer apenas nos prejudicar. Ele começou difamando Janaína e...

ADRIANA: Não é bem assim, Anderson, você está defendendo a Janaína porque estão namorando escondidos.

SÉRGIO: (aos berros) Vocês todos vão para o inferno, se é que existe mesmo, isso tal de céu e inferno. Sempre tive dúvidas se Deus existe, e não é com vocês que vou descobrir a verdade. Falam tanto de Jesus e são pessoas piores do que eu que não sigo nada. Por favor, eu não vejo nada de cristãos em vocês. De dependesse de vocês eu nunca me tornarei um crente.

CLAUDIA: Não, eu não aceito isso tudo que está acontecendo. Eu reconheço que sou pecadora, mas não quero continuar nesta situação. A vida sentimental é muito complicada se não estiver totalmente nas mãos do Senhor.

DENISE: (chorando) Eu estou cansada de ser cristã, e tudo muito difícil, eu não quero mais.

LUCAS: Eu vou contar tudo pro pastor o que está acontecendo aqui.

CÉSAR: Por que estão fazendo isso? Estou decepcionado com vocês. (se aproxima de Lucas) Lucas, foi pra isso que Deus me tirou do mundo das drogas, pra viver num meio assim? Lucas, eu não sei o que vai ser de mim. Lucas chora.

JANAÍNA: Acreditem, tenho buscado em Deus uma mudança em minha vida sentimental. Não quero continuar desagradando o Senhor, e reconheço que preciso totalmente dEle. (Chora). Quero ser fiel.

ANDERSON: Não precisamos nos desculpar de tudo, a vida é assim mesmo, todos erram, não é mesmo Denise!? A Denise faz coisa pior, que é falar por trás de todos


Todos começam a se distanciarem, cada um em um canto de costas.


LUCAS: (tirando a sua máscara) Meu Deus, nós estamos todos perdidos. Ninguém mais aqui abra a boca pra falar mais nada. Fiquem todos quietos, chega disso tudo. O que pensam que estão fazendo com o corpo de Cristo, estão o transformando num corpo falso. Dentro da igreja os crentes são uma coisa e fora outra totalmente diferente. Fingem que se amam, mas estão enganando uns aos outros, maldizendo, são até capazes de odiar. Falta santificação, e sem ela não veremos a Deus. (Silêncio) Falta mudança de vida, largar realmente as coisas do mundo. Chega. Eu não vou ficar aqui pregando tudo que já sabem. Eu quero que todos orem. Vamos, se colocar aos pés do Senhor. Temos que buscar o Senhor!

SÉRGIO: Lucas, deixa de bobeira! Seu Deus não pode ouvi-lo.

LUCAS: Por favor, Sérgio, deixe-me orar, preciso orar ao meu Deus.

SÉRGIO: São pecadores de mais pra Deus os ouvir.

LUCAS: Sei Sérgio que você tem motivos pra ter péssimas impressões a respeito de nós, mas quero que saiba que erramos, que somos pecadores e por isso reconhecemos nossa dependência de Deus. Jesus tem poder pra mudar, transformar qualquer viver, fomos comprados pelo Seu valoroso sangue.

SERGIO: Cale a boca, não quero ouvir nada. (Sérgio fica rodeando Lucas)

LUCAS: Se realmente nos entregarmos ao Senhor, nova criatura nos tornamos. Mas infelizmente hoje em dia, muitos dentro da igreja não tiveram um verdadeiro encontro com Cristo, por isso, vivem de aparência, mas chegará o dia da ceifa onde o Senhor recolherá os seus. O que presenciou aqui não deve te servir de exemplo pra nada. O que único exemplo que temos que seguir é Jesus Cristo, não devemos olhar pra homem nenhum, pois são falhos demais. Mas Jesus Cristo não, ele veio pra nos salvar e tudo ele pode fazer por você.

SERGIO: É lindo tudo isto, sabe Lucas como eu gostaria de acreditar, mas olhe pra vocês (apontando para todos) é isso que você chama de Corpo de Cristo ? É isto que é a Igreja ? Irmãos que não se olham ?


(um silêncio)


Todos abaixam a cabeça de vergonha

LUCAS : Sérgio sei q errei também, estou envergonhado, tudo que falei de Cristo é verdade, ele te ama e quer te salvar.

SERGIO: Eu realmente quero um sentido para a minha vida. Quantas vezes sozinho fico pensando, pq nasci ? Pra que viver e penso em tirar a minha vida.

LUCAS: Cristo é Vida, só Ele nos dá o sentido de viver. Eu vou orar por você.


Sergio se ajoelha no meio sozinho.


LUCAS: Não podemos continuar assim, anda, que vai dar o primeiro passo. Olhe gente , ele é um aqui dentro, mas o mundo precisa de nós, o mundo carece que abrimos a boca para falar de Cristo. Temos que nos envergonhar. Ele está ali esperando que oremos pela sua vida.


(Lucas obriga todos a se unirem ligando a mão um do outro, forçando-os a se darem as mãos)


Eu quero que todos dêem as mãos. Espero que compreendam que estamos todos mortos, matamos uns aos outros espiritualmente. Talvez não só hoje, mas quantas vezes nos matamos falando palavras duras um para com o outro. Vamos gente quem vai começar a quebrar isto hoje ?

(Silêncio)


Adriana cai de joelhos e chorando joga a máscara fora: Eu quero mudança de vida! Senhor, perdoe-me os meus pecados, tire de mim toda minha arrogância, prepotência e preconceito. Liberte-me, Pai, sonda meu coração e verás que estou arrependida.

César também se desfaz da máscara e abraça Lucas chorando: Por favor, ajude-me, não me deixe sozinho. Eu não quero voltar pra vida que tinha antes, amo Jesus e quero crescer em maturidade espiritual.

Lucas também tira sua máscara: Também conto com sua ajuda e sei que juntos em Cristo iremos vencer, saiba que te amo muito.


DENISE: (aos berros) Não, eu não posso pedir perdão, pra mim tanto faz morrer ou viver, não tenho mesmo uma experiência com Cristo!


CLAUDIA: (tira a máscara e se aproxima da irmã) Sei Denise que não tenho lhe ajudado em nada, não tenho nem sido uma boa irmã, mas quero que saiba que você é muito importante pra mim. Perdoe-me, eu quero muito que estejamos um dia com Cristo. Oh minha irmã, eu te amo tanto.

Cláudia abraça a irmã chorando. Denise também tira sua máscara e chorando abraça a irmã, beijando-a. As duas se ajoelham orando.


JANAÍNA: O Espírito vence a carne, depende de alimentarmos mais o Espírito do que fazer a vontade da carne. (tira a máscara e se ajoelha em oração) Senhor, entrego toda a minha vida em suas mãos para que se cumpra o seu propósito.


ANDERSON: (tira a máscara e se ajoelha) Pai, obrigado pela sua misericórdia, e peço perdão pelas minhas falhas, quero amar a todos como a mim mesmo.


(todos se abraçam, Sergio levanta alegre)


LUCAS: Jesus quer restaurar as pessoas por inteiro e não apenas dar uma varridinha na casa, é preciso nascer de novo.


(vai até o grupo e todos se abraçam)

(Será feito um convite para tirarmos as máscaras)